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29
jun 2015

Lacrimejamento na criança

postado em: Notícias
Uma das causas mais frequentes de lacrimejamento do bebê está relacionado ao entupimento do canal lacrimal.
Leia abaixo o que isso significa.

Na criança, a obstrução lacrimal mais frequente está relacionada ao próprio desenvolvimento do sistema lacrimal de drenagem. Quando a criança nasce, cerca de 30-40% ainda não completaram a abertura do canal para o nariz: uma fina membrana existe na porção final do canal. Essa membrana pode se romper ao longo dos meses espontaneamente ou com auxílio de massagens que a própria mãe pode fazer diariamente no canto medial da pálpebra. Caso haja infecções como conjuntivites de repetição ou muita secreção,  antibióticos locais na forma de colírio são utilizados. A persistência dos sintomas ou sua piora após 7-8 meses de idade, aponta para a necessidade de tratamento cirúrgico.

 

Fig.1: Quando se instila colírio de fluoresceína, pode-se perceber o escoamento natural do colírio no lado direito, mas no lado esquerdo estravasa para a pele devido à obstrução da via lacrimal desse lado. A lágrima estagnada ocasiona infecções.

Fig.1. Quando se instila colírio de fluoresceína, pode-se perceber o escoamento natural do colírio no lado direito, mas no lado esquerdo estravasa para a pele devido à obstrução da via lacrimal desse lado. A lágrima estagnada ocasiona infecções.

Quais são os tipos de tratamento?

1. Sondagem lacrimal:

É um procedimento que é realizado em ambiente hospitalar com a criança anestesiada e monitorada adequadamente. Resumidamente trata-se de abrir a membrana que não rompeu sozinha. No mesmo momento, o(a) médico (a) pode verificar se está havendo passagem da lágrima pela irrigação de líquido através da via.

Por que realizar sob anestesia e em hospital?

A criança deve estar imóvel para o procedimento que é muito delicado, qualquer movimento brusco pode desviar o canal lacrimal e causar complicações como sangramento, infecção e traumatismo nasal e lacrimal. Como há irrigação do canal, se a criança não estiver devidamente monitorada, esse líquido pode passar no nariz para traquéia e pulmões causando pneumonia grave.

A criança precisa ficar hospitalizada?

Não, ela repousa durante 2-3 horas para checar se está em boas condições e depois irá para casa.

2. Intubação lacrimal

Casos de crianças maiores, ou que já se submeteram à sondagem sem sucesso, tem indicação desse procedimento, que agrega em relação à sondagem, a colocação de um modelador da via lacrimal, geralmente silicone, para manter a via aberta durante o processo de cicatrização (4-12 semanas) Fig.2. A seta indica o tubo posicionado dentro do canal.

Fig.2.Tubo de silicone.

Fig.2. Tubo de silicone.

3. Dacriocistorrinostomia

É a cirurgia que se realiza quando o saco lacrimal estiver muito dilatado, ou nos casos de insucesso das duas cirurgias anteriores. Geralmente se indica para crianças acima de 3 anos. Resumidamente, consiste em se fazer um outro caminho para a lágrima, um atalho para a lágrima chegar ao nariz. Para que funcione, o osso lacrimal é aberto em cerca de 10 mm, para ligar o saco lacrimal na mucosa do nariz. Também se coloca um tubo modelador ao final da cirurgia.

O resultado é bom?

São excelentes, todos os procedimentos tem um alto índice de sucesso cirúrgico, que no entanto varia de acordo com a experiência do cirurgião.

Se deixar o tratamento cirúrgico para mais tarde, pode ter prejuízo?
Fig. 3. A vermelhidão e a secreção no olho direito mostram início de dacriocistite

Fig. 3. A vermelhidão e a secreção no olho direito mostram início de dacriocistite

Geralmente o problema do canal da lágrima não causa cegueira se não tratar. As conseqüências se refletem na qualidade de vida da criança que fica com os olhos “ramelentos” e com conjuntivites de repetição. Esporadicamente pode haver infecção aguda do saco lacrimal, a dacriocistite, onde a criança necessitará ficar internada para receber antibiótico endovenoso (fig.3).

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